O seqüestro de Patrícia Abravanel, filha do apresentador Silvio Santos.
Não
é raro as pessoas perguntarem sobre o caso do seqüestro da filha do
apresentador e empresário Silvio Santos. Foi uma ocorrência de grande
repercussão, ganhando destaques em todas as mídias televisivas, rádios,
jornais, revistas, internet, a nível nacional e internacional.
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Todo
o desfecho iniciou-se com a atuação da GUARDA CIVIL DE COTIA após a
guarnição José, Paloni e Ribeiro, se depararem com uma trilha de cal que
saía da rodovia Raposo Tavares e seguia em uma estrada por mais ou
menos uns 04 quilômetros, depararam com um indivíduo em atitude
suspeita, portando rojão e um rádio de comunicação HT, com o tirocínio
policial aguçado, perceberam que algo de estranho estava ocorrendo, ao
ser indagado pelos Guardas Civis e após cair em diversas contradições, o
primeiro individuo detido foi algemado e seria levado a delegacia para
averiguação, já que o referido não portava documentos pessoais, momento
em os Guardas Civis, resolveram adentrar a uma trilha no mato, quando
depararam com vários indivíduos encapuzados e fortemente armados, dando
inicio a uma troca de tiros, a qual lograram êxito em deter mais um
individuo.
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No
local dentro da mata tinha uma clareira, onde havia uma cabana
improvisada com lona plástica, garrafas de água, cordas. O que se
presume é que o local seria usado para o pagamento do resgate, mas até
então, nada havia de concreto com a relação ao seqüestro da filha do
Silvio Santos.
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Na
delegacia os Guardas Civis levantaram essa possibilidade, e comentaram
com o delegado, o qual não acreditou que pudesse ter ligação um fato com
o outro. Logo após ocorreram ligações com denúncias anônimas, que
possivelmente a filha do Silvio Santos seria trazida para um cativeiro
em Cotia. A partir daí que se passou a investigar a relação dos casos, e
graças ao profissionalismo, tirocínio e persistência dos Guardas Civis
de Cotia, que o caso teve o desfecho que é de conhecimento, conforme
matérias da Revista Isto É Gente, Folha Online que seguem abaixo.
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Contradizendo o então Secretário de Segurança de São Paulo, Dr. Marco Vinício Petrelluzzi que em uma de suas entrevistas disse: “A
atuação da Guarda Civil de Cotia foi um mero acaso. Além do que, os
indivíduos detidos pela Guarda são inexperientes e de baixa
periculosidade”. Momentos depois, o comparsa desses indivíduos, mata
02 policiais civis em um flat em Barueri, e logo em seguida foge de um
cerco com mais de 100 policiais que estavam a sua caça, retornando para
residência do Silvio Santos fazendo-o de refém, na intenção de não ser
morto pelos policiais.
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Se
esses bandidos eram de baixa periculosidade e portavam metralhadoras,
pistolas e no momento do seqüestro um portava até fuzil...O que seria da
sociedade se os bandidos fossem de alta periculosidade?!!!
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Mero
Acaso??? O fato ocorreu por volta das 22:30h, quantos veículos não
passaram por ali, quantas viaturas...??? Mas foi uma guarnição da GUARDA
CIVIL DE COTIA que teve a perspicácia de seguir um MERO rastro de cal!
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Em fevereiro de 2002 deixa o cargo de secretário de segurança o Dr. Marco Vinício Petrelluzzi.
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Esta
é a minha singela homenagem a todos os Guardas Civis DO BRASIL, nas
pessoas dos GCs: Paloni, José e Ribeiro integrantes da Guarda Civil de
Cotia, os quais souberam representar e muito bem o profissionalismo dos
Guardas Civis que atuam por este Brasil a fora, que atendem desde um
auxílio ao público (conduzir uma pessoa ao pronto socorro), a
ocorrências de assaltos, furtos, homicídios, desinteligências, roubos,
latrocínios, tráficos, seqüestros de vários anônimos que a repercussão
evidentemente não é a mesma de uma pessoa famosa, mas para nós Guardas
Civis Municipais; atendemos e nos empenhamos com a mesma dedicação
profissional.
Saudações Azul Marinho!
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Gilberto Silva
GCM 1ªCL - Cotia / SP.
01/09/2001
Heróis por acaso
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Piti Reali
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José,
Pedro e Miguel, guardas civis de Cotia, enfrentaram com
revólveres calibre 38 os seqüestradores armados com metralhadoras:
“Nasci de novo”, diz o guarda Pedro
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Os
amigos Pedro Alves Paloni, 40 anos,
José Jiquiri dos Santos, 33, e
Miguel Ribeiro
da Silva, 38, sempre viveram grandes
emoções batendo
bola dentro de um
campo demarcado com cal em Cotia, na
Grande São Paulo.
Guardas civis da
polícia metropolitana daquele município, o
que
eles não podiam imaginar é que uma
outra marca de cal – esta em
forma de
trilha – descoberta durante uma ronda na
mesma região, os
levasse ao mais
emocionante caso policial de suas carreiras.
Foi
caminhando por cima dessa linha,
durante uma ronda, que Pedro, José e
Miguel prenderam dois seqüestradores de Patrícia Abravanel às 22h30
da segunda-feira 27. A trilha de cal foi feita para que o local
combinado para o pagamento do resgate fosse achado com facilidade.
Os
três heróis cumprem o expediente de 12 horas de trabalho por 36
horas de folga. Moradores de Cotia, fazem bicos como seguranças
de
supermercados e obras para reforçar o orçamento familiar.
O paulista
Pedro, pai de cinco filhos, está há dez anos na Guarda Civil
e
recebe R$ 600. Na ação, descarregou as seis balas de seu revólver
calibre 38. “Nasci de novo”, diz ele. “Os bandidos estavam
com
metralhadora, espingarda calibre 12 e pistola automática. E a gente
só trabalha com 38. No meio do tiroteio só tinha a viatura para
nos
proteger.” Assim como os colegas, Pedro não foi ferido. Ele, que
há
três anos levou cinco tiros, perdendo um rim e a vesícula, se
diverte
nas horas de folga levando os filhos “para passear de
fusquinha”.
No
tiroteio, que durou cerca de dois minutos, o alagoano de Arapiraca
José Jiquiri foi quem mais se machucou. Além de arranhões no
nariz
provocados por galhos de árvores, ele caminha com dificuldades
e
suspeita que tenha torcido o joelho numa queda durante o tiroteio.
Entre
salário e bicos, o alagoano sobrevive com uma renda de R$ 1,2
mil
mensais e sustenta esposa, que recebe R$ 300 como diarista, e
três
filhos. Com a experiência de doze anos de profissão, José foi
baleado uma única vez e não acredita em nenhum tipo de promoção.
“A
gente é reconhecido agora, é elogiado, mas depois de um tempo
somos
esquecidos”, diz. “Quando tudo terminou, a gente se abraçou.”
Pai
de dois filhos, o paulista Miguel é o mais novo na profissão.
Com
um ano de Guarda Civil, ele recebe salário de R$ 480. “Sinceramente,
nunca senti tanto medo na vida. Imagina um cara distante dez passos
de
você, apontando uma arma para sua cabeça!” Passado o susto e com
a
sensação de dever cumprido, os três pensam agora em comemorar
dentro
de campo, ainda esta semana, como conta o alagoano:
“Vamos bolar um
esqueminha, talvez um churrasquinho. Nós
estamos vivos, né? Para
nós essa é a vitória”.
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CAPA
PATRICIA ABRAVANEL
A mais longa semana de Silvio Santos
O seqüestro de Patrícia Abravanel envolveu tensas negociações de resgate, o pagamento de R$ 500 mil,
a troca de tiros entre policiais e bandidos e levou Silvio Santos a tomar calmantes, ficar sem comer e pensar
em se mudar do Brasil
Juliana Lopes e Rodrigo Cardoso
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A
alegria entre pai e filha tomou conta na sacada da
mansão do empresário no Morumbi na terça-feira 28: no
cativeiro, Patrícia bebeu chá, comeu pipoca e jogou
baralho com os seqüestradores |
“Maaaaaaaãe,
paaaaai! Tô aqui”, gritou em prantos Patrícia
Abravanel assim que pisou em casa depois de sete dias seqüestrada.
Nos braços de Íris, sua mãe, e Senor Abravanel,
seu pai, a jovem de 24 anos chorava, soluçava e abraçava
a família com a emoção de quem rezou e pediu a Deus
para que esse momento chegasse logo. Patrícia recebeu
abraços das outras irmãs, de familiares e de amigos
próximos a Silvio Santos. Quase vinte minutos se passaram
sem que alguém conseguisse falar uma frase por inteiro. “Graças
a Deus tudo terminou”, afirmou Íris, que rezou em seguida
ao lado da família. “Eu não fui maltratada, não
chegaram perto de mim, não me encostaram a mão. Os
seqüestradores me disseram que o meu Deus é muito bom”,
afirmou, eufórica, Patrícia, 13 horas mais tarde. “Desde
terça até agora me senti tão seqüestrado quanto ela”,
disse Silvio Santos, 71 anos, ainda emocionado.
Patrícia chegou em casa às 2h50 da terça-feira 28
vestida com moletom claro com capuz, calça jeans e
cabelos presos. Pouco antes, os seqüestradores a haviam
tirado do cativeiro no bairro do Morumbi, a 10
quilômetros de sua residência. Com os olhos vendados, foi
colocada no banco da frente em seu próprio Passat azul
importado. Na Marginal Pinheiros, próximo ao Palácio dos
Bandeirantes, os seqüestradores pararam o carro. “Me
perdoa, princesa”, afirmou um deles. “Conte até 25, tire a
venda e vá para casa”, disse outro. Foi o que ela fez.
“Não acreditei quando eles me disseram que eu ia embora
mesmo sem o pagamento do resgate”, conta Patrícia, que na
verdade foi libertada após o pagamento de um resgate de
R$ 500 mil.
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Silvio,
Íris e Patrícia ao fundo: “Elas são evangélicas e eu
sou judeu. Minha filha é a pastora Patrícia”, diz o
empresário se referindo ao fato de a jovem ter falado
sobre Deus com os criminosos |
Patrícia
ficava sempre com um dos criminosos ao seu lado durante a
noite. Nos primeiros dois dias teve um dos braços
amarrado. Seu comportamento dócil conquistou a confiança
dos seqüestradores, apesar de nunca ter visto o rosto de
nenhum deles. “Eles usavam capuz, só os olhos ficavam de
fora”, lembra. A jovem conversava muito com eles, pregava
a sua crença religiosa e demonstrava compreensão. A
alimentação foi garantida. Chegou ao requinte de ter chá e
pipoca, apreciados entre conversas, orações, jogos de
baralho e dominó. “Você não tem noção da vida que
eu levo”, disse um dos seqüestradores à jovem.
“Chorei com eles. Seqüestro acontece porque o povo está
maltratado. Sinceramente, não gostaria que eles fossem presos.
Eu perdôo”, afirma ela.
Patrícia é formada em marketing e faz o primeiro ano do
curso de administração de empresas da Fundação Armando
Álvares Penteado (Faap), no bairro do Pacaembu, onde
freqüenta as aulas acompanhada por seguranças, que ficam
no pátio da faculdade aguardando a saída da filha do
empresário. Ela é a única das seis filhas do apresentador
que trabalha na emissora de televisão do pai, o SBT, na
área de marketing. E é a mais velha do casamento com a
jornalista Íris Abravanel, mãe também de Daniela, 25
anos, Rebeca, 21, e Renata, 16. No primeiro casamento,
com Aparecida Honória Vieira, a Cidinha, que morreu de
câncer no final da década de 70, Silvio Santos teve duas
filhas: Cintia, de 37 anos, e Silvia, de 33.
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Patrícia chega a sua casa no Morumbi às 2h50 da terça-feira 28: abraços e choros |
DOIS PRESOS
Todo final feliz tem seu herói. Nesta história, há três.
Na noite de segunda-feira 27, três guardas civis do
município de Cotia, próximo a São Paulo, faziam ronda em
um condomínio fechado. Pedro Alves Palone, José Jiquiri
dos Santos e Miguel Ribeiro da Silva (leia quadro acima)
transitavam em um Gol azul escuro quando viram uma
trilha de cal. Poucos metros adiante viram um homem montado
em cima de uma bicicleta. Os policiais se identificaram e deram
a voz de prisão. A suspeita virou certeza. O homem carregava
um rádio comunicador e tinha na bicicleta vários
sinalizadores. Foi preso. Mais adiante, outros dois
homens, que cobriam os rostos com capuz, fingiram ser da
polícia. “Nós é que somos da polícia, não vocês”,
retrucou um dos guardas.
Kiko Cabral |
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O
sobrinho de Silvio Santos, Guilherme Stoliar, foi o
negociador oficial e falou várias vezes com os
seqüestradores por um telefone celular pré-pago |
A
frase nem bem terminou e os tiros começaram. Os
policiais também atiraram, mas não conseguiram prender os
outros suspeitos. Voltaram para o carro, onde estava
algemado Marcelo Batista Santos, chamado de Pirata, 27
anos. “Os policiais estavam de sobreaviso, viram um cara
no meio do mato naquela hora e suspeitaram que havia algo
errado”, afirmou o coronel Castelo Branco, secretário de
segurança pública de Cotia. No momento da prisão,
Marcelo ainda não havia sido relacionado ao seqüestro da
filha de Silvio Santos.
Marcelo
foi encaminhado para o Depatri, na Zona Norte de São
Paulo, a pedido do titular da Delegacia Anti-Seqüestro,
Wagner Giudice, que desconfiou do envolvimento do rapaz
no rapto de Patrícia. Marcelo acabou confessando o
seqüestro e entregou o comparsa Esdras Dutra Pinto,
conhecido como André, de 19 anos. Na manhã de terça-feira
Esdras foi preso em sua casa, no bairro de São Miguel
Paulista. Com ele a polícia encontrou armas, munição,
perucas, uma corda, uma camiseta imitando uniforme de
carteiro, um exemplar da biografia A Fantástica História de Silvio Santos
e uma Bíblia parcialmente queimada. O bando era formado
por quatro pessoas. Além de Marcelo e Esdras, ainda estão
foragidos seu irmão, Fernando Dutra Pinto, de 22 anos, e
a namorada dele, por enquanto identificada apenas como
Jennifer, aparentemente grávida, segundo a vizinhança do
cativeiro. Apenas os irmãos tinham antecedentes
criminais, por porte ilegal de arma.
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“Eu
fui bem cuidada. Em nenhum momento eu fiquei
abalada, sentia que estavam orando para mim’’ |
A
detenção de Marcelo em Cotia interrompeu parte da
estratégia de pagamento do resgate. Foram várias as
tentativas para se entregar o dinheiro. A primeira delas
foi no sábado à noite. Os diálogos continuaram e, no
domingo 26, houve outra, em vão. O sobrinho do empresário
e ex-vice-presidente do SBT, Guilherme Stoliar, foi quem
esteve à frente das negociações. O acerto foi feito em
torno da meia-noite de segunda-feira. No trevo da cidade
de Jandira, da rodovia Castelo Branco, estava parado um
Gol. O familiar entregou a quantia de R$ 500 mil num saco plástico
transparente para Fernando, que está foragido e é
suspeito de ser o mentor do crime. No início, o pedido foi
de R$ 2 milhões. Mas a quantia foi, paulatinamente, sendo
reduzida no decorrer das ligações feitas pelos seqüestradores
a um celular pré-pago deixado previamente na casa de Silvio,
no momento em que a jovem foi levada. “Eles foram
inexperientes, tudo indica que foi o primeiro seqüestro
deles”, afirmou o delegado Giudice. “Nos afastamos das
negociações entre os seqüestradores e a família. Mas
continuamos investigando o crime”, afirmou Marco Vinício
Petrelluzzi, secretário da Segurança Pública de São
Paulo.
“Eles
pediram para eu escrever uma carta e eu escrevi só
coisa boa na carta. Disseram: ‘O que é isso? Você foi
seqüestrada!’. Aí acabaram ditando uma para eu
escrever’’ |
Sebastião Moreira/AE |
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Marco
Vinício Petrelluzzi, secretário da Segurança Pública
de São Paulo: “Nos afastamos das negociações entre
os seqüestradores e a família. Mas continuamos
investigando o crime” |
As
investigações levaram ao cativeiro de Patrícia.
A 10 quilômetros de sua residência, a jovem ficou numa
casa alugada há 30 dias por um casal da quadrilha e seu carro
ficou estacionado na garagem o tempo todo. A casa, na rua
Áurea Batista dos Santos, 840, no Morumbi, tem três
dormitórios. Patrícia ficou em um deles. Tinha para seu
conforto apenas um colchão e uma televisão para
distraí-la. “Assistia ao canal Gospel para não saber o
que estava acontecendo comigo”, contou Patrícia. Manoel
França, um senhor com 79 anos de idade, é o dono do
imóvel e também tem uma casa vizinha, onde mora. Fechou
por R$ 800 o aluguel mensal com os novos inquilinos. “Não
desconfiei de nada e gostei dos inquilinos porque é a
primeira vez que pagam o aluguel em dia”, conta. “E ainda
pagaram três meses adiantado.”
A polícia descobriu a casa na tarde de terça-feira 28.
Lá estavam alguns objetos pessoais de Patrícia. “Pelo
que apuramos, eles parecem aventureiros”, afirma o delegado
Giudice. Da mesma opinião, compartilha a filha de Silvio
Santos: “Eles eram muito jovens e não pareciam
experientes”.
Claudio Gatti |
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“Essa
filha me dá um trabalho... devia ter pedido para que
os seqüestradores ficassem mais tempo com ela’’
Silvio Santos |
Silvio
Santos viveu momentos de agonia nos sete dias de
negociação. O empresário oscilava entre o medo de ocorrer
algo trágico com sua filha, a fúria por se sentir
impotente e o desgaste físico. Sofreu com problemas de
pressão alta, em função da tensão das negociações.
Claudio Gatti |
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“Me
alimentaram, me deram chá quente, fizeram pipoca
para mim. Jogamos baralho, dominó, rezamos juntos e
eu chorei com eles’’ |
Fez
um apelo público pedindo, através de uma carta dramática
escrita à mão: “A vida da minha filha Patrícia
depende da minha palavra empenhada e da colaboração
de vocês. Que Deus ouça as nossas preces e que tudo
termine bem”.
O
empresário recebeu telefonema de Fernando Henrique
Cardoso. O presidente da República colocou o Ministério
da Justiça e a Polícia Federal à sua disposição.
“No que você precisar, estarei aqui para atendê-lo”,
disse FHC. Silvio ficou vários dias sem comer direito e sem
dormir. Em um dos momentos mais difíceis, precisou de auxílio
médico e passou a tomar calmantes leves para relaxar. Íris
se apegou à religião evangélica e rezou centenas
de vezes no decorrer de cada dia. Chegou a receber amigos da igreja
Vida Nova. “Estou muito apreensivo”, desabafou Silvio,
no domingo 26, a um amigo.
“Assistia só à TV Gospel, para não saber muito do
que estava acontecendo comigo’’’ |
Fotos: Claudio Gatti |
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Manoel
França alugou a casa por R$ 800 por mês para os
seqüestradores: “Não desconfiei de nada”, afirmou.
“Pela primeira vez me pagam o aluguel em dia” |
Não
foi a primeira vez que o empresário sofreu seqüestro
na família. Em 1992, sua irmã Sara Benvinda Soares
ficou 15 horas nas mãos de criminosos. Graças à
inexperiência dos seqüestradores, Sara retornou à casa
sem que a família pagasse resgate. Desta vez, porém,
Silvio garantiu que mudará sua conduta pessoal. Pretende
demitir sua equipe de segurança e contratar uma agência
especializada para fazer o serviço mais ostensivo. Deve ainda
deixar de transitar pelas ruas de São Paulo dirigindo seu
Lincoln Continental 1999, blindado, branco com capota verde claro,
sem seguranças. Mais. Pode até deixar o Brasil e se
mudar para os Estados Unidos. “Não quero sair do País,
quero continuar a faculdade, morando na mesma casa”, disse
Patrícia, discordando dos planos do pai.
Fotos: Claudio Gatti |
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“Eu
acho que meu pai precisa de Deus. Meu pai não tem
Deus. Por isso que ele ficou tão mal enquanto eu não
estava aqui. Ele deveria achar outras formas de
ajudar esse povo. Não é dando uma casa, tem que fazer
mais’’ |
Silvio
Santos está à frente de um grupo de 34 empresas, com
7.400 funcionários. A principal é a Liderança
Capitalização, responsável pela Telesena. A segunda é o
SBT, seguido pelo Banco Panamericano. O Baú da
Felicidade, que já foi o carro-chefe do grupo, está em
quarto lugar. Silvio tem também empresas de seguros, distribuidoras
de automóveis e uma administradora de cartões de crédito.
O
seqüestro começou quando dois homens disfarçados de
funcionários dos Correios anunciaram a entrega de uma
encomenda na mansão de Silvio Santos. José Izaldino Ramos
da Silva trabalhava na portaria e abriu a janela da
guarita para receber a entrega. Eles apontaram as duas
armas e o renderam.
“Meu pai se surpreendeu com a minha força, com o meu Deus. Ele está tremendo na base...’’ |
Fotos: Claudio Gatti |
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Silvio
Santos, mais relaxado, agora se recupera das crises
de pressão alta que sofreu durante as negociações
para o pagamento do resgate
|
Os
falsos carteiros falaram, em seguida, num rádio com
outros seqüestradores, que estavam em um Corsa prata, com
placa DCD-2295, roubado no último dia 8, nas vizinhanças
da mansão. O carro se aproximou assim que os falsos
carteiros tiveram acesso ao controle automático do portão
da mansão. Os outros quatro seqüestradores esconderam
seus rostos com máscaras escuras e entraram na garagem,
com o Corsa no pátio da casa, onde Patrícia costumava
sair diariamente naquele horário para ir estudar. “Não
deu tempo de reagir. Na hora, só pensei em não morrer”,
conta o segurança José Izaldino.
“Me senti no filme A Vida É Bela porque a guerra estava acontecendo e eu estava bem ali’’ |
Monica Zarattini/AE |
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Marcelo
(à frente) e Esdras: o primeiro confessou o crime e
entregou o amigo, preso em sua própria casa com
armas, uma biografia de Silvio Santos e uma Bíblia
queimada |
SEPARADO HÁ UM MÊS
Os quatro homens renderam outros funcionários da casa,
equipados com metralhadoras e até um fuzil. Eles levaram a
jovem no seu próprio carro, um Passat azul importado, de
placa LOE-0053. Silvio Santos ficou sabendo do seqüestro
da filha por telefone. Estava num flat em outro bairro da capital,
e foi avisado pela mulher, Íris Abravanel, de quem está
separado há um mês. O Corsa foi abandonado na mansão
e serviu de ponto de partida para as investigações.
Duas digitais foram encontradas pela perícia e um retrato
falado de um dos seqüestradores foi feito. Uma Cherokee preta
também foi usada no seqüestro e foi encontrada no outro
lado da cidade.
Tatiana Constant/AE |
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Sara,
irmã do Silvio Santos: foi seqüestrada em 1992 e
encontrada pela polícia 15 horas mais tarde sem
pagamento do resgate |
Silvio
Santos não hesitou em telefonar para o secretário
de Segurança do Estado, Marco Vinício Petrelluzzi,
para pedir ajuda. Imediatamente, o secretário acionou a delegacia
Anti-Seqüestro e o delegado Wagner Giudice, responsável
pelas investigações, passou a tarde na casa de Silvio
Santos. A polícia fez um levantamento de empregados e
ex-funcionários da casa e verificou que pelo menos 15
trabalhadores, entre guardas, serventes e copeiras, foram
demitidos da casa nos últimos doze meses, embora um
grande número deles sejam antigos. A história do
seqüestro de Patrícia Abravanel impressiona pela ousadia
dos bandidos, que invadiram a casa de um dos homens mais
queridos do Brasil. Mas, ao final de sete dias tensos,
permitiu que os brasileiros se reencontrassem com o simpático
sorriso de Silvio Santos.
Com Cássia Dian e Marina Monzilo
.
Guarda Civil prende supostos sequestradores em Cotia
28/08/2001 - 12h12
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) prendeu na noite
de ontem dois supostos sequestradores na região de Cotia, na Grande São
Paulo. A GCM acredita que o local serviria para pagamento de resgate.
Conforme a CGM, um dos presos foi encontrado no final de uma trilha,
sinalizada com cal. O suspeito carregava um rádio HT e dois morteiros.
No local, houve troca de tiros com três homens encapuzados.
As informações foram passadas para a Deas (Delegacia Anti-Sequestro),
que apura uma possível ligação dos dois presos com o sequestro de
Patrícia Abravanel, 24, filha de Silvio Santos.
Até momento não há informações oficiais.
A ação da polícia ocorreu por volta das 22h30 em um matagal próximo ao
km 39 da rodovia Raposo Tavares.
.
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u35855.shtml
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Matagal de Cotia serivia para pagamento do resgate, diz Guarda
28/08/2001 - 16h15
A trilha encontrada na noite de ontem pela Guarda
Civil de Cotia, na Grande São Paulo, serviria para o pagamento do
resgate, segundo o comandante da guarda, José Eduardo Prado.
Conforme Prado, os dois suspeitos detidos no local teriam participação
no sequestro de Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos.
"A informação que eu tenho é de que eles [presos] confessaram
participação. Porém, como está sendo feita a investigação sob sigilo,
não tenho mais dados", afirmou.
A trilha foi descoberta pelos guardas civis, que desconfiaram de uma
marca de cal feita no chão. A marcação levou até uma área onde os
guardas apreenderam garrafas de água e cordas. Houve troca de tiros com
um grupo encapuzado que estava no local.
"Suponho que o local serviria para o pagamento do resgate. Apreendemos
objetos que poderiam estar relacionados. Foram encontradas garrafas
cheias de água, corda, sacos plásticos. Esse material foi recolhido e
enviado para a Polícia Científica", disse o comandante.
Com um dos presos, que estava em uma bicicleta, os guardas encontraram
um rádio HT e dois morteiros. O ocupante de um Uno que estava nas
proximidades também foi detido.
"Eram três ou quatro encapuzados. Eles trocaram tiros com os guardas e
fugiram", disse Prado.
Guardas que participaram da ação estiveram hoje na Delegacia
Anti-Sequestro. No entanto, a delegacia nega que os detidos também
estejam lá. Nenhuma informação oficial foi dada até o momento por parte
da delegacia.
A polícia já teria o retrato falado de um dos sequestradores de Patrícia
Abravanel.
.
Fonte:
http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=991228055142545090&postID=6715708994894633972