Presença de militares não garante sensação de segurança a vizinhos
Em vários locais da cidade é possível ver soldados que fazem a
segurança de áres residenciais onde moram militares. (Foto:Luciana
Brazil)
Morar, ou até mesmo trabalhar,
em lugares vizinhos a áreas militares pode parecer, à primeira vista,
uma situação segura. Mas a realidade em Campo Grande, segundo os
moradores, não é sinônimo de segurança. A presença de soldados, que
circulam pelas vilas militares, não chega nem a inibir a ação de
bandidos.
A equipe de reportagem do Campo Grande News
percorreu vários locais da cidade onde soldados fazem rondas em frente
às casas de militares. Em todos eles, a resposta foi unânime. Os civis
frisaram que a presença militar pode inibir algumas ações, mas nada que
evite de forma rigorosa roubos ou assaltos.
A advogada Silvia Bontempo, 63 anos, radicada na cidade há 31 anos,
lembra quando comprou o imóvel onde faria seu escritório de advocacia. A
localização, em frente ao quartel da rua Joaquim Murtinho, foi a
principal motivação, mas a insegurança logo veio à tona. O primeiro
assalto aconteceu bem em frente à guarita do soldado que faz a
vigilância.
“Entraram no escritório, levaram bolsas e carteiras de todo mundo que
estava aqui. E o soldado não fez nada, até porque eles não podem
fazer”, lembrou.
“As pessoas acham que vão ter mais segurança, mas os bandidos sabem que não adianta”, completou.
O corretor de imóveis, Evaldo Laranjeira, 77 anos, lembra que a casa
vizinha a sua já foi assaltada três vezes. Ele mora ao lado do conjunto
residencial militar da rua Joaquim Dornelas, no bairro Amambaí e
ressalta que a lei que pune os criminosos é muito frágil. “A segurança é
um problema muito complicado. A presença dos soldados não cheira e nem
fede, acho que inibe muito pouco os bandidos”.
Ainda na rua Joaquim Dornelas, a funcionária de uma corretora de
imóveis, Denise Silveira, 44 anos, acredita que os militares provocam a
sensação de segurança, mas ainda lembra. “Sei que na verdade não estamos
seguros”.
A advogada Luseny Alves dos Santos, 49 anos, mora em frente ao 20°
Grupamento do Exército, no bairro Coophatrabalho, e frisa que residir
tão perto do Exército não evita a ação de bandidos, mas segundo ela,
depende muito da situação. “Não acredito que seja uma regra, mas pode
inibir a ação em alguns casos”.
Com ou sem militares, a segurança na cidade e no resto do país é
considerada pelas autoridades um problema grave. “Enquanto nós não
tivermos leis mais rígidas, enquanto os presídios não forem
terceirizados as coisas não vão mudar”, lembra Silvia Bontempo.
Orientação: O chefe de comunicação do Exército, o
major Robson Peroni, explica que o soldado que está de serviço na
segurança é inviolável. “Ninguém pode fazer nada contra ele. O soldado
está autorizado a agir, até mesmo de forma letal, caso esteja em
situação de ameaça”.
O major Peroni esclarece ainda que o soldado tem obrigação de cuidar de uma determinada área e se houver algo que coloque seu trabalho em risco, ele deve agir, acionando a guarnição.
“Se o soldado suspeitar de alguma situação, algum carro, ou alguma
pessoa que coloque o seu trabalho em risco, ele deve tomar alguma
atitude”.
De acordo
com o major, qualquer pessoa que esteja incumbida do poder de polícia
tem obrigação de agir diante de fatos que tragam risco à população.
“Se o soldado presenciar alguma situação, mesmo que seja na
residência de
um civil, ele tem obrigação de agir, mas isso não quer dizer que ele vai
deixar seu posto. Ele pode acionar a polícia ou a guarnição”.
FONTE: CAMPOGRANDENEWS