quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Alunos e professores debatem violência nas escolas após morte de aluna.

A Câmara Municipal, em Campo Grande, promove, na tarde desta quarta-feira (25), uma audiência pública sobre violência nas escolas. O encontro, que começou às 15h, reúne alunos, professores, coordenadores, Guardas Municipais, políticos e demais autoridades, que buscam uma solução para os problemas enfrentados dentro e fora dos colégios. As sugestões colhidas hoje serão encaminhadas à Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS).
A iniciativa, do vereador Chiquinho Telles (PSD), que faz parte da Comissão Permanente de Segurança, surgiu após a morte da estudante Luana Vieira Gregório, de 15 anos, assassinada, a golpe de faca, na saída da Escola Estadual José Ferreira Barbosa, no dia 11 deste mês.
O parlamentar convidou cerca de 150 escolas, mas apenas quatro compareceram à audiência, sendo duas municipais – Domingos Gonçalves Gomes e José Mauro Messias da Silva – e duas estaduais – Waldemir Barros da Silva e Marçal de Souza Tupã-Y.
Quem foi estava disposto a discutir. Para o professor de educação física José Francisco, 34 anos, a iniciativa é válida e, a julgar os últimos acontecimentos, o assunto deveria, em tese, interessar a todos os educadores porque hoje, nas palavras dele, “a violência começa dentro de sala, sai e lá fora toma proporções que fogem do domínio da direção e da própria sociedade”.
“Essa violência está muito à flor da pele. Ficamos preocupados porque isso está ao nosso redor e, muitas vezes, não sabemos como lidar”, disse, ao comentar que “não há como fugir”, mas é preciso achar um caminho. Em curto prazo, considerou, pode não ter uma solução, mas pelo menos um rumo deve surgir. “O que não pode é ficar como está”, ressaltou
José Francisco comentou que na escola onde leciona, os alunos se animaram quando receberam o convite para ao audiência porque casos recentes vieram à tona, na mídia.
Aluna da 7ª série, Izabele Lopes de Medeiros, de 12 anos, confirma e disse, se referindo ao “caso Luana”, que, “depois do que aconteceu”, ficou com medo. “A gente se sente insegura, porque qualquer um pode vir com alguma coisa e bater em nós”, contou, ao comentar que, na escola onde estuda, a Municipal José Mauro Messias da Silva, conhecida como Poetas das Moreninhas, já recebeu ameaça.
Na avaliação da estudante, que nem saiu do ensino fundamental, o poder público precisa investir mais em segurança. Guardas na frente das escolas e acompanhamento tático até certo ponto, sugeriu, poderia ser uma saída.
Estudante da mesma turma, Milleny Hemilainy, de 13 anos, vai além. Pede a presença de “guardas” e uma viatura para rondas. A menina, que confessa já ter se envolvido em brigas, não considera mais a escola um local “confiável”. “Antes pensava que era. Hoje, vejo que não é seguro”, disse.
A intenção do propositor da audiência, o vereador Chiquinho Telles, é contribuir para mudar essa realidade. “Nos últimos dias ficamos assustados com os números de brigas nas escolas, reclamações de pais chegando até nosso gabinete, na Câmara. Nos vimos na obrigação de ajudar”, disse.
Dentre as sugestões, Telles afirmou que vai propor às autoridades que se estabeleça uma patrulha policial nas escolas. “Não precisa ficar em tempo integral, mas tornar obrigatório pelo menos nas entradas e saídas”, explicou.
Ao comentar da audiência, o vereador Otávio Trad (PT do B), que preside a Comissão Permanente de Segurança, foi mais abrangente em seu discurso.
A violência nas escolas, disse ele, “é um problema que o Brasil vem vivendo nos últimos anos”. “Temos inúmeros casos, não só em Campo Grande ou no Mato Grosso do Sul, mas no Brasil interior”.
São várias as situações, destacou. Os casos podem surgir dentro da escola, no entorno ou envolver a casa, por exemplo. Otávio Trad não menciona, ainda, uma possível solução em curto prazo, porque acredita que o assunto deve ser debatido, daí a importância da audiência.
“Vamos tirar alguns encaminhamentos hoje e, mediante ofício, eu, como presidente da Comissão Permanente de Segurança, vou encaminhar ao secretário de Jusitiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacini.